Obesidade pode levar ao acúmulo de gordura no fígado

Condição pode levar a cirrose e até mesmo ao câncer, além de piorar funções do organismo.

O número de jovens brasileiros, com idade entre 18 e 24 anos, obesos mais que dobrou na última década – alcançando 9%. Dados do Ministério da Saúde ainda apontam que um terço da população nessa faixa etária está com sobrepeso. Entre os principais riscos do excesso de peso está o acúmulo de gordura no fígado, a chamada esteatose hepática.

“O acúmulo de gordura na região abdominal oferece um excesso de lipídeos que se acumulam no fígado, prejudicando sua função, podendo levar a cirrose ou mesmo ao câncer. Além disso, o acúmulo de ácidos graxos no fígado prejudica a função da insulina, aumentando os níveis de glicose e triglicérides no sangue, piora da coagulação e inflamação, que favorecem  o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (derrame)”, explica o dr. Paulo Rosenbaum, endocrinologista do Centro de Prevenção e Tratamento da Obesidade Einstein.

Eliminar a gordura abdominal, por meio de atividades aeróbicas e uma dieta, auxilia na redução dos depósitos de gordura no fígado. Alguns medicamentos podem ser utilizados para controlar as doenças que pioram a esteatose ou evitar sua progressão.  Em casos extremos a cirurgia bariátrica pode ser indicada.

Fatores de risco para esteatose hepática em obesos vs magros

A patogênese da esteatose hepática não alcoólica está intimamente associada à co-ocorrência de múltiplas condições patológicas, que caracterizam a síndrome metabólica, a obesidade em particular. No entanto, a doença hepática também se desenvolve em indivíduos magros, cujos fatores de risco ainda não são compreendidos.

Para avaliar essa questão, pesquisadores realizaram uma meta-análise de 15 estudos, com dados dos pacientes magros (n = 1.966) e obesos (n = 5.938) com esteatose hepática não alcoólica; pessoas magras (n = 9.946) e obesas (n = 6.027) sem a doença serviram como controles.

Em comparação aos controles magros, pacientes magros com esteatose eram mais velhos (3,79 ± 0,72 anos, p = 1,36 × 10-6) e exibiam todo o espectro dos fatores de risco da síndrome metabólica. Especificamente, eles tiveram um aumento significativo (p = 10-10) nos níveis de glicose plasmática (6,44 ± 1,12 mg/dL) e HOMA-IR (0,52 ± 0,094 unidades), lipídios no sangue (triglicerídeos: 48,37 ± 3,6, p = 10-10 e colesterol total: 7,04 ± 3,8, mg/dL, p = 4,2 × 10-7), pressão arterial sistólica (5,64 ± 0,7) e diastólica (3,37 ± 0,9), e circunferência da cintura (5,88 ± 0,4 cm, P = 10-10).

No entanto, as alterações gerais no grupo de obesos foram muito mais severas quando comparadas com indivíduos magros, independentemente da presença da esteatose. A meta-regressão sugeriu que a doença hepática é um modificador do nível de lipídios no sangue.

Pelos resultados, os pesquisadores concluíram que pacientes magros e obesos com esteatose hepática não alcoólica compartilham um perfil metabólico e cardiovascular alterado. Os magros, apesar do peso corporal normal, mostraram excesso de tecido adiposo abdominal, assim como outros sintomas da síndrome metabólica.